Resenha: Trilogia Cinquenta Tons de Cinza

Autora: E. L. James (Página da autora: https://www.eljamesauthor.com/)
Editora Intrínseca, 2012
Páginas: 480 (Livro 1), 512 (Livro 2) e 544 (Livro 3)
Nota: 2/5

Embora eu tenha lido esse livro em 2014, estou refazendo a minha resenha sob um novo olhar. Uma coisa me chamou muita atenção, eu terminei de ler a trilogia exatamente 2 anos antes de entrar no BDSM, em 17 de setembro de 2014. Sendo assim, me diverti bastante quando li a minha resenha original. De certa forma, parece até que foi outra pessoa que escreveu. Naquele momento eu não tinha ideia do que era o BDSM, não tinha a menor intenção de conhecer esse mundo e, muito menos, ser submissa ou escrava de alguém. Mas vamos a resenha.

Ana é uma universitária, inteligente, desastrada e bonita, mas extremamente insegura. Um dia ela vai entrevistar Christian Grey, um bilionário, lindo, maravilhoso, charmoso, talentoso (insira outros -osos que você conheça),  e cai na frente dele. Depois disso o cara começa a persegui-la, dizendo que está preocupado, que quer o bem dela, mas que ele é perigoso, que é melhor ela ficar longe dele, mas continua perseguindo.
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E.L cumpriu a receitinha dos romances eróticos clichés, com uma diferença: utilizou o BDSM como cenário para tal. A relação dos dois paira entre amor intenso e um medo terrível que os dois sentem por causa de suas inseguranças. Mas quem resiste a um homem com as qualidades do Grey, que mulher não suspira para um homem desses. E ele cumpriu o seu papel. Apesar dos seus gostos peculiares, vi muitas mulheres suspirando e sonhando com o "Dominador Perfeito".

As primeiras páginas, para ser mais precisas a 100 primeiras, são bem desgastantes. Me recordo de ter abandonado esse livro em 2012 exatamente por isso. Mas depois a história melhora, e leitura fica mais prazerosa.

Depois da fase perseguição, os dois começam muitas trocas de e-mails, que em alguns momentos eram bem interessantes, até mesmo porque muitos se tratavam da negociação dos termos do contrato de submissão. Essa parte, naquela época, eu achei uma loucura. Como assim conceder tantos poderes a alguém, hoje a Paola ri daquela guria que se espantou com isso. Esse ponto do livro, eu acho bem interessante, pois, eu acho, que uma das partes mais importantes da relação é a negociação.

No primeiro livro, a relação dos dois ainda é muito complicada. Ana não consegue se submeter ao Grey como ele gostaria. Não acho que a forma como o Grey chegou ao BDSM foi boa para tratar do tema. Visto que, foi atribuído aos traumas o motivo dele se estabelecer como adepto. O romance não me atraiu, o casal em vários momentos não me empolgava. As cenas excessivas de sexo e os diálogos fracos também chegaram a me cansar. Contudo, o desfecho me deixou curiosa pra continuar a saga.

A continuação, Cinquenta Tons Mais Escuros, já mostra um Grey tentando enfrentar os seus fantasmas, com uma Ana afastada, mas de certa forma tentando entender como aquele homem maravilhoso se tornou quem é.

Pra mim, esse é até melhor que o primeiro livro. Com uma história um pouco mais profunda e menos sexo, embora ainda tenha muito. Aqui conhecemos a Leila, que me deixou um pouco assustada naquela época, mas que hoje eu entendo um pouco mais, apesar de, ainda, não aceitar aquele nível de submissão (ou obsessão, não quero julgar). Também conhecemos Elena, a mulher que apresentou o BDSM ao Grey.

Grey continua sendo controlador e obsessivo. Mas hoje uma coisa me incomoda muito nas atitudes dele, como Dominador, ele parecia mais um submisso desesperado pela atenção da Ana. Seria os efeitos de um homem apaixonado? Não sei, mas não consigo imaginar um Dominador tendo tais atitudes. Portanto é uma coisa que faria com que eu me afastasse da pessoa sem nem pensar duas vezes.

Apesar de achar que não era necessário ter um terceiro livro, lá fui continuar a leitura da trilogia. Cinquenta Tons de Liberdade está mais para o “pós vivemos felizes para sempre” do segundo livro.

Aqui temos uma Ana tentando firmar sua carreira e um Grey tentando ser menos controlador. Nesse meio teremos intrigas, brigas, comemorações e sexo, ainda muito sexo. O que nos leva a um esgotamento, eu já estava começando a me cansar das cenas de sexo. Nesse livro encontramos o velho cliché de "ele vai mudar por amor", e sim, Grey muda em algumas coisas, relaxa em outras, assim como Ana também começa a conhecer um pouco mais do mundo do Grey. De certo foi só mais um livro pra agradar as leitoras e, claro, ganhar mais dinheiro.

Já ouvi várias opiniões sobre esse livro, tanto de pessoas do meio BDSM, tanto de pessoas que nunca nem ouviram falar em Sadomasoquismo. Dos dois lados, as opiniões são muito opostas, ou as pessoas amam ou odeiam a série.

Eu, particularmente, nem amo e nem odeio. Foi um passatempo que me "apresentou" algumas coisas do meio BDSM. Não me chamou atenção, visto que, só entrei para o BDSM a convite de uma amiga (Será que eu não teria entrado se não fosse ela? Eis a questão!), mas fez conhecer outros livros com a mesma temática, como História de O, a série Amos e Masmorras, até mesmo os livros do Marquês de Sade.

Talvez algumas pessoas considerem a saga um desserviço ao BDSM, visto que, como dizem "o livro fez com que surgissem as submissas em busca dos Dominadores tipo Grey". Eu só tenho a dizer que se alguém entra no meio achando que vai encontrar um Grey é mais ingênua ou mais sonsa que Ana do primeiro livro.

Paola_FZ

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