Sadismo & Masoquimo

O sadismo e o masoquismo são duas facetas do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo) que despertam interesse e curiosidade em muitas pessoas. Neste artigo, exploraremos essas práticas dentro do contexto do BDSM, fornecendo uma compreensão mais profunda sobre seus significados, dinâmicas e aspectos relacionados. Ao final, você terá uma visão mais abrangente sobre o sadismo e o masoquismo, permitindo que você aprecie melhor a complexidade e a diversidade dessas expressões eróticas consensuais.


O BDSM e suas Facetas

O BDSM é um conjunto de práticas eróticas que envolvem consensualmente a troca de poder entre os participantes. Ele abrange uma ampla gama de atividades, desde a leve exploração de fantasias até o envolvimento em práticas mais intensas. As atividades BDSM são conduzidas com base no respeito mútuo, comunicação clara e consentimento informado, sendo esses os pilares fundamentais para a segurança e a saúde emocional dos envolvidos.

Dentro do BDSM, existem várias facetas distintas, cada uma com suas próprias características e elementos. O sadismo e o masoquismo são duas dessas facetas, frequentemente interligadas e complementares. Embora possam parecer opostas, elas compartilham uma dinâmica única que permite a criação de experiências eróticas intensas e prazerosas para os praticantes.


Origem Histórica dos Termos

Em 1843, o médico ruteno Heinrich Kaan publicou Psychopathia sexualis ("Psicopatia do Sexo"), uma escrita na qual ele converte as concepções do pecado do cristianismo em diagnósticos médicos. Com o seu trabalho, os termos originalmente teológicos "perversão", "aberração" e "desvio" tornaram-se parte da terminologia científica pela primeira vez. O psiquiatra alemão Richard von Krafft Ebing apresentou os termos "sadismo" e "masoquismo" à comunidade médica em seu trabalho Neue Forschungen auf dem Gebiet der Psychopathia sexualis ("Nova pesquisa na área de Psicopatia do Sexo") Em 1890. Em 1905, Sigmund Freud descreveu o "sadismo" e o "masoquismo" em seus Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade como doenças que se desenvolvem a partir de um desenvolvimento incorreto da psique infantil e lançaram as bases para a perspectiva científica sobre o assunto nas décadas seguintes. Isto levou à primeira utilização do termo composto sado-masoquismo (do alemão, sado-masochismus) pelo psicanalista vienense Isidor Isaak Sadger em seu trabalho, Über den sado-masochistischen Komplex (“Em relação ao complexo sadomasoquista") em 1913.

Ted Bundy (1946/1989) foi um assassino em série americano, sequestrador, estuprador, ladrão e necrófilo que assaltou e assassinou numerosas jovens mulheres e meninas durante a década de 1970 e, possivelmente, mais cedo. Pouco antes de sua execução - depois de mais de uma década de recusas - ele confessou 30 homicídios cometidos em sete estados entre 1974 e 1978. A verdadeira contagem de vítimas permanece desconhecida e pode ser muito maior.


No final do século 20, ativistas do BDSM protestaram contra esses modelos conceituais, pois foram derivados das filosofias de duas figuras históricas singulares. Tanto Freud quanto Krafft-Ebing eram psiquiatras; suas observações sobre sadismo e masoquismo eram dependentes de pacientes psiquiátricos, e seus modelos foram construídos com base na suposição de psicopatologia. Ativistas do BDSM argumentam que é ilógico atribuir fenômenos comportamentais humanos tão complexos quanto sadismo e masoquismo somente com referência em pacientes psiquiátricos que apresentaram comportamentos extremos. Seria o mesmo que dizer que todos que bebem são alcoólatras com base num estudo que analisou apenas alcoólatras. Por isso, os defensores do BDSM têm procurado distinguir eles próprios, a partir de noções amplamente difundidas da antiquada teoria psiquiátrica sobre sadismo e masoquismo, pela adoção do termo abreviado "S&M" como uma distinção, agora comum desses termos psicológicos,  ou usando o termo "sadomasoquismo", que pressupõe o encontro de duas partes complementares no jogo BDSM.


O Sadismo no Contexto do BDSM

O sadismo é uma expressão erótica que envolve a obtenção de prazer através da aplicação de dor, controle ou dominação sobre o parceiro ou parceira. Os praticantes sadistas podem encontrar excitação e satisfação ao realizar ações que causem desconforto físico ou psicológico consentido pelo parceiro submisso. É importante ressaltar que a prática do sadismo dentro do BDSM é sempre baseada em consentimento e limites pré-estabelecidos.

Os praticantes sadistas podem explorar uma variedade de atividades, como spanking (palmadas), flogging (chicotadas), tortura erótica, humilhação consensual e outros atos que envolvem controle e dominação. É fundamental que todas as atividades sejam conduzidas com responsabilidade, comunicação clara e respeito mútuo.


O Masoquismo no Contexto do BDSM

O masoquismo é a faceta oposta ao sadismo e envolve a obtenção de prazer através do recebimento de dor, controle ou dominação pelo parceiro ou parceira dominante. Os praticantes masoquistas desfrutam da sensação de entrega, vulnerabilidade e submissão consentida durante as práticas BDSM.

Assim como no sadismo, o masoquismo dentro do BDSM é baseado em consentimento mútuo e limites acordados entre os parceiros envolvidos. Os praticantes masoquistas podem explorar diferentes formas de estímulo físico e psicológico, tais como spankings, chicotadas, amarras, mordidas, entre outros. A intensidade das práticas masoquistas varia de acordo com os desejos e os limites de cada pessoa envolvida.


A Importância da Comunicação e do Consentimento

No contexto do BDSM, a comunicação clara e o consentimento informado são aspectos cruciais para garantir a segurança, a saúde emocional e o prazer de todos os envolvidos. Antes de se engajar em qualquer atividade BDSM, é fundamental discutir limites, preferências, expectativas e estabelecer um safeword (palavra de segurança) que possa ser usado para interromper a atividade caso seja necessário.

A negociação prévia e contínua é essencial para que os envolvidos possam expressar seus desejos, necessidades e preocupações. É importante lembrar que cada pessoa possui limites individuais, e o respeito por esses limites é fundamental para criar uma experiência BDSM positiva e consensual.


Conclusão

O sadismo e o masoquismo são facetas intrigantes do BDSM, oferecendo uma gama diversificada de experiências eróticas para aqueles que se envolvem nessas práticas consensuais. Tanto o sadismo quanto o masoquismo dependem do consentimento informado e do respeito mútuo entre os parceiros envolvidos.

Ao explorar essas facetas, é importante buscar conhecimento, comunicação clara e uma abordagem responsável. O BDSM oferece um espaço para a expressão sexual e o crescimento pessoal, desde que seja conduzido de forma consensual e respeitosa.

Lembrando sempre que a prática do BDSM é uma escolha individual e não é adequada para todos. Se você estiver interessado em se envolver nesse tipo de atividade, recomendo pesquisar, buscar orientação de profissionais qualificados e sempre colocar a segurança e o bem-estar emocional em primeiro lugar.

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